Agentes de IA conquistam profissionais, mas apenas para realizar tarefas simples, aponta estudo de Stanford.

Agentes de IA são uma das tendências mais comentadas no Vale do Silício, com empresas de tecnologia prometendo grandes ganhos de produtividade para os negócios. Mas, será que os trabalhadores realmente desejam utilizá-los? Uma pesquisa recente da Universidade de Stanford sugere que a resposta pode ser positiva — contanto que esses agentes automatizem tarefas triviais e não interfiram excessivamente na autonomia humana.

Intitulada “O Futuro do Trabalho com Agentes de IA”, a pesquisa buscou ir além da histeria em torno dos agentes de IA para entender como essas ferramentas podem ser integradas, na prática, nas rotinas diárias dos profissionais. Enquanto estudos anteriores examinaram o impacto dos agentes de IA em categorias específicas de trabalho, como engenharia de software e TI, os pesquisadores de Stanford analisaram categorias individuais de tarefas, o que lhes permitiu “capturar melhor a natureza sutil, aberta e contextual do trabalho no mundo real,” conforme indicado em seu relatório.

Com esse objetivo, os pesquisadores adotaram uma abordagem “centrada no trabalhador”, entrevistando 1.500 profissionais sobre suas preferências em relação à adoção de agentes de IA. Eles também conversaram com especialistas em IA para compreender as aplicações realistas e limitações atuais da tecnologia. O estudo reforça pesquisas anteriores, que demonstraram que os efeitos da automação por IA variam amplamente conforme a natureza do trabalho.

O que revelou o estudo? A pesquisa resultou na criação do que os pesquisadores de Stanford chamaram de Banco de Conhecimento sobre a Perspectiva e Prontidão dos Trabalhadores em Relação a Agentes de IA (WORKBank), um banco de dados que reflete as percepções atuais dos trabalhadores sobre os agentes de IA. Segundo o relatório, a maioria dos trabalhadores está disposta a adotar agentes para automatizar tarefas repetitivas e de baixo risco, “mesmo após considerar preocupações sobre a perda de emprego e a satisfação no trabalho.” Os entrevistados expressaram o desejo de se concentrar em tarefas mais envolventes e significativas, o que se tornou uma espécie de mantra de marketing entre grandes empresas de tecnologia que promovem agentes de IA: que esses sistemas libertarão os trabalhadores e os negócios da monotonia, permitindo um foco em atividades mais relevantes.

Os autores também destacaram “desajustes críticos” entre as tarefas que os agentes de IA estão sendo designados para executar — como desenvolvimento de software e análise de negócios — e as tarefas que os trabalhadores realmente desejam automatizar.

O futuro do trabalho (assistido por IA) O estudo pode ter grandes implicações para a futura colaboração entre humanos e IA no ambiente de trabalho. Usando uma métrica chamada Escala de Agência Humana (HAS), os autores descobriram que “os trabalhadores, em geral, preferem níveis mais altos de agência humana do que os especialistas consideram tecnologicamente necessários.” Em outras palavras, os indivíduos desejam manter um certo grau de controle sobre seu trabalho, mesmo com a possibilidade de que agentes possam automatizar grande parte dele. Os autores afirmaram que isso poderia levar a “fricções” à medida que a IA se torna mais poderosa e onipresente.

Além disso, o relatório mostrou que o aumento da automação por IA está provocando uma mudança nas habilidades humanas que são mais valorizadas no local de trabalho: as habilidades de processamento e análise de informações, segundo os autores, estão se tornando menos valorizadas à medida que as máquinas se tornam mais competentes nessas áreas, enquanto as habilidades interpessoais — incluindo “ajudar e cuidar dos outros” — são mais importantes do que nunca.

Referência: Getty Images/Jonathan Kitchen

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