Desde o lançamento do ChatGPT da OpenAI em 2022, as tecnologias de inteligência artificial (IA) se tornaram cada vez mais presentes em nossas vidas diárias. No entanto, um novo estudo sugere que a força de trabalho americana demonstra uma grande desinteresse em adotar a IA em larga escala. De acordo com uma pesquisa do Pew Research divulgada esta semana, cerca de 80% dos americanos não costumam usar IA no trabalho, e aqueles que a utilizam parecem pouco entusiasmados com seus benefícios. Além disso, menos de um terço dos entrevistados afirmaram estar "animados" com a possibilidade de usar IA em futuros ambientes de trabalho. Apenas 6% dos trabalhadores acreditam que a utilização da IA nos locais de trabalho resultará em mais oportunidades de emprego a longo prazo.
Para essa pesquisa, o Pew entrevistou 5.273 adultos nos EUA, com idades entre 18 e 65 anos ou mais, que estão empregados em tempo parcial ou integral e têm um ou mais empregos, considerando um deles como seu principal. Os participantes responderam a perguntas que exploraram "como os trabalhadores percebem o uso da IA no ambiente de trabalho de forma geral, assim como suas próprias experiências com IA em seus empregos." O estudo examinou como classe social, idade e educação influenciaram as respostas dos participantes em relação ao uso de IA e oportunidades de emprego. Por exemplo, ao serem questionados se os trabalhadores estão mais preocupados do que esperançosos sobre o futuro do uso da IA nas empresas, os entrevistados expressaram que estão bem mais "preocupados" (52%) do que "esperançosos" ou "animados" (36% e 29%, respectivamente), segundo o Pew.
Trabalhadores que atuam nas áreas de informação e tecnologia, bancos, finanças, contabilidade, imóveis e seguros são "os mais propensos a afirmar que o uso da IA resultará em mais oportunidades de emprego no longo prazo." Trabalhadores com rendimentos mais baixos e médios são mais propensos a expressar pessimismo em relação à utilização da IA no ambiente de trabalho e a acreditar que a IA levará a menos oportunidades de emprego para eles. Em contrapartida, trabalhadores de renda mais elevada tendem a afirmar que o uso da IA nos locais de trabalho não terá grande impacto em suas oportunidades profissionais.
Enquanto 51% dos usuários de IA entrevistados possuem pelo menos um diploma de bacharel, essa porcentagem é de 39% entre os não usuários de IA. Desses, "31% afirmam que pelo menos parte de seu trabalho pode ser realizado com IA." Trabalhadores mais jovens também são mais propensos a relatar que "sentem-se sobrecarregados" em relação à maneira como a IA será adotada no ambiente de trabalho no futuro. Aqueles com idades entre 18 e 29 anos são os que mais utilizam chatbots de IA no trabalho "pelo menos algumas vezes por mês" para pesquisar, resumir e editar conteúdos. Contudo, poucos disseram que essas tecnologias foram "muito ou extremamente úteis" para aumentar sua produtividade e melhorar a qualidade do trabalho.
A maioria dos trabalhadores (69%) não utiliza chatbots de IA no seu ambiente de trabalho. Entre os não usuários de chatbots de IA, 36% disseram que nunca usaram chatbots de IA para fins profissionais, alegando que "não há utilidade para eles em seus trabalhos." Outros 22% simplesmente afirmaram que não estão interessados em usar chatbots de IA. Segundo os pesquisadores do Pew, a maioria dos trabalhadores – independentemente da faixa etária ou nível educacional – afirmou que qualquer treinamento que receberam foi independente do uso de IA. Apenas um quarto (24%) mencionou que recebeu treinamento relacionado ao uso de IA.
A falta de treinamento eficaz e adequado em IA contribui para o pessimismo em relação a ela no ambiente de trabalho, e isso está intimamente ligado à ausência de uma visão clara por parte dos líderes das empresas sobre como a IA pode aumentar a produtividade. "Os empregados estão legitimamente preocupados que a organização possa justificar suas demissões afirmando que a IA pode realizar esse trabalho," observa um professor associado da Kellogg School of Management da Northwestern University.
Referência: Pew Research Center
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