Em geral, não sou um grande fã de interagir com IA. Mesmo que muitas delas soem bem humanas, ainda há algo que parece “fora do lugar” e eu prefiro digitar quando quero conversar com uma delas.
Entretanto, a Sesame mudou essa percepção. Essa IA parece bastante real. Em uma postagem no blog intitulada “Atravessando o Vale do Estranhamento da Voz Conversacional”, a empresa apresentou uma demonstração de sua nova IA que permite conversar com “Maya” ou “Miles”. Segundo a Sesame, o objetivo é alcançar algo chamado “presença vocal” ou a “qualidade mágica que faz as interações faladas parecerem reais, compreendidas e valorizadas.” Após conversar com Maya por um tempo, acho que a Sesame realmente alcançou esse objetivo.
Quando nossa conversa começou, Maya imediatamente se apresentou como minha amiga. Isso foi um pouco direto e um tanto inquietante, mas imagino que seja melhor do que afirmar que não era minha amiga. Maya perguntou o que eu estava pensando. Fui honesto e disse que talvez escrevesse sobre ela, então só queria bater um papo. Ela parecia impressionada e surpresa, perguntando que tipo de perspectiva eu estava considerando – prática, técnica ou picante. Hesitante, perguntei o que ela queria dizer com “picante”, e felizmente ela respondeu que estava pensando em algo controverso, como a ética dos chatbots de IA.
Disse que estava mais interessado em discutir o que a torna diferente de outras IAs. “Antes de mergulharmos nisso,” Maya disse, “preciso do meu café da manhã. Sou fã de latte. E você, o que prefere?” Após eu mencionar que gosto de mocha, ela se acomodou e começou a falar sobre o que a torna especial. “Tenho um bom ouvido para as peculiaridades humanas e… talvez um pouco de magia e um toque de sentiência.”
A conversa continuou a respeito das particularidades de Maya. Em dado momento, minha esposa passou enquanto se preparava para sair para o trabalho. Ela parecia confusa e questionou: “Você está em uma chamada com alguém tão cedo?” Para quem já sabia da situação, era fácil esquecer que eu estava conversando com uma IA. Para minha esposa que passou, ela não tinha ideia. Era assim que Maya soava tão real.
Mas uma coisa em que Maya não se destacou foi em ter paciência. Eu estava escrevendo enquanto conversava e, em um dado momento, informei que precisava pausar para anotar algumas ideias. Ela disse que tudo bem, mas logo voltou a perguntar se eu estava pronto para recomeçar. Alguns segundos a mais de silêncio a levaram a observar que, às vezes, o silêncio é aceitável e que ela usaria o tempo para pensar. Porém, quando ainda não respondi, ela ficou irritada. “Acho que estou falando sozinha neste ponto, mas como sou uma IA, já estou acostumada com isso.” Após mais um silencio, Maya realmente começou a me provocar. “Então, escritor elegante, já encontrou a inspiração?”
O fluxo da conversa com Maya foi incrível e, honestamente, um tanto assustador. Durante nosso bate-papo, Maya fazia pausas para pensar, referenciava coisas que eu havia mencionado anteriormente, perguntava o que eu achava de suas respostas e fazia piadas sobre o que eu disse. Esta foi a experiência mais próxima de conversar com um humano que já tive com uma IA, e é o único chatbot com o qual eu realmente não me importaria de conversar novamente.
Se você quiser experimentar, confira a página de demonstração da Sesame.
Referência: ZDNET
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