A inteligência artificial está sendo utilizada por golpistas para criar mensagens que parecem “profissionais e diretas”. Em um incidente recente, eles solicitaram a ajuda da IA para escrever uma comunicação que tivesse como objetivo persuadir proprietários de cães e gatos de que sacos de ração gratuitos estariam retidos na alfândega, aguardando um pagamento de uma suposta taxa. A mensagem, que é enviada pelo WhatsApp, diz o seguinte: “Aqui é o Suporte da Transportadora Turbo Rota Logística. Estamos entrando em contato para informar que sua mercadoria está retida em nosso Centro de Distribuição, aguardando regularização”. O texto que acompanha inclui pedidos de informações detalhadas sobre a vítima e um link para rastreamento da entrega, onde se solicita o CPF da pessoa.
O golpe é bem estruturado. Há anúncios falsos em redes sociais que, respaldados por algoritmos, oferecem algo atrativo. Uma pesquisa rápida no site Reclame Aqui revela ofertas que vão desde rações a relógios de luxo. No caso da ração, os golpistas convidam a vítima a participar de uma pesquisa da marca Premier Pet. Tudo parece muito real, com perguntas relevantes, culminando em um “brinde” de sacos de ração, algo que, para quem tem animais de estimação, é bastante atrativo. O pagamento de uma taxa de frete de R$ 37 parece uma oferta viável. Assim que a pessoa realiza o pagamento, o golpista começa a pedir taxas adicionais, enquanto o WhatsApp da vítima é inundado com notificações sobre a entrega, sempre alegando que há pendências a serem resolvidas.
No meio dessas mensagens, uma chamou a atenção. O golpista cometeu o erro de não remover a resposta do ChatGPT ao pedir que a IA elaborasse um texto para o golpe. A frase exibia: “Claro! Aqui está uma versão levemente reescrita, mantendo o tom profissional e direto”. Apesar desse deslize, o resto da comunicação foi minutiosamente elaborado para enganar a vítima, fazendo-a acreditar que a mensagem era legítima.
A marca PremieRpet tem sido frequentemente utilizada pelos golpistas para conferir credibilidade às fraudes. Em um comunicado oficial, a empresa esclareceu que não realiza vendas diretas ao consumidor e que não solicita dados pessoais ou bancários através de seus canais oficiais. Entre novembro de 2024 e abril de 2025, a PremieRpet informou ter neutralizado mais de 3.000 ocorrências de conteúdos falsos em redes sociais e e-commerces. A empresa recomenda que consumidores que tenham dúvidas entrem em contato através dos canais oficiais, como contato@premierpet.com.br ou pelo telefone 0800 055 6666.
Especialistas alertam sobre os perigos de fornecer informações pessoais em formulários online que não são verificados. Dados como nome completo, endereço e informações bancárias podem ser utilizados por criminosos para aplicar fraudes financeiras e até roubo de identidade. Por isso, é fundamental registrar um boletim de ocorrência, que pode ser feito online, relatando o ocorrido. Ademais, a utilização de ferramentas de inteligência artificial, como o ChatGPT, por golpistas tem se tornado comum para criar mensagens mais convincentes e personalizadas.
Para evitar cair em golpes semelhantes, é essencial desconfiar de ofertas que parecem boas demais para serem verdadeiras e sempre verificar a autenticidade das promoções nos canais oficiais das empresas. Em caso de suspeita de fraude, recomenda-se registrar um boletim de ocorrência e entrar em contato com órgãos de defesa do consumidor.
Uma conversa com Jaime Fernandes, especialista em segurança digital, destacou que a desconfiança é a melhor proteção. “É fundamental que os consumidores se mantenham alertas e verifiquem a veracidade das promoções antes de fornecer qualquer informação pessoal ou realizar pagamentos. Desconfie de ofertas que exigem pagamentos antecipados por produtos gratuitos e sempre consulte os canais oficiais das empresas envolvidas.”
Dados recentes apontam para um aumento nos golpes cibernéticos no Brasil. Segundo a Serasa Experian, em 2024, 51% dos brasileiros foram vítimas de algum tipo de fraude, com 54,2% registrando perdas financeiras. Os golpes mais frequentes incluem uso indevido de cartões de crédito (47,9%), boletos falsos ou transações fraudulentas via Pix (32,8%) e phishing (21,6%). Além disso, uma pesquisa do DataSenado revelou que 24% dos brasileiros com mais de 16 anos perderam dinheiro devido a crimes cibernéticos nos últimos 12 meses, o que equivale a mais de 40 milhões de pessoas.
O impacto financeiro dos crimes digitais é significativo. De acordo com um levantamento do Datafolha, os brasileiros sofreram um prejuízo estimado de R$ 71,4 bilhões em um ano devido a roubos de celulares e crimes digitais, como golpes com Pix e boletos falsos.
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