Cúpula de Inteligência Artificial em Paris gera expectativa por regras menos rigorosas

Líderes globais e executivos de tecnologia se reuniram em Paris na última segunda-feira (10) para declarar novos investimentos em inteligência artificial e debater formas de implementar a IA de maneira segura em um cenário de crescente resistência, que, segundo as empresas, limita a inovação. A vontade de controlar a IA diminuiu em comparação com reuniões anteriores no Reino Unido e na Coreia do Sul, que alertaram as nações sobre os riscos dessa tecnologia após o surgimento viral do ChatGPT em 2022. Com a administração do presidente dos EUA, Donald Trump, desfazendo as proteções de IA estabelecidas por seu predecessor para aumentar a competitividade americana, a pressão sobre a União Europeia aumenta para que adote uma abordagem menos rigorosa em relação à IA, a fim de manter suas empresas na vanguarda tecnológica.

Com o intuito de fomentar o crescimento, empregos e progresso, Sam Altman, CEO da OpenAI, expressou em um artigo de opinião publicado no Le Monde que é fundamental permitir que inovadores, construtores e desenvolvedores atuem livremente. Alguns líderes da União Europeia, entre eles o presidente francês Emmanuel Macron, também acreditam que a nova legislação de IA do bloco deve ser flexível para favorecer startups locais. Macron destacou, em entrevistas a jornais regionais franceses, o dilema entre imposição excessiva de regras, que poderia ser prejudicial, e a escolha de não ter regras, que também apresentaria riscos. Ele mencionou que a inovação não deve ser temida.

As iniciativas de Trump em relação à IA acentuaram as diferentes abordagens que os Estados Unidos, a China e a UE vêm adotando em termos de regulamentação. No ano passado, a Parlamento Europeu ratificou a Lei de IA da União, que se configura como o primeiro conjunto abrangente de normas em nível mundial para a regulamentação dessa tecnologia. Enquanto isso, grandes empresas de tecnologia e algumas capitais têm pressionado por uma implementação menos rígida da lei. Ao mesmo tempo, a empresa chinesa DeepSeek desafiou a supremacia americana em IA ao lançar um sistema de raciocínio humanoide, intensificando a corrida entre os rivais geopolíticos e do setor.

Um dos desdobramentos da cúpula foi a criação da Current AI, uma colaboração entre países como França e Alemanha e empresas do setor, como Google e Salesforce. Com um investimento inicial de 400 milhões de dólares, a iniciativa se concentrará em projetos de interesse público, como a disponibilização de dados de alta qualidade para IA e o desenvolvimento de ferramentas de código aberto. O objetivo é alcançar até 2,5 bilhões de dólares em capital ao longo de cinco anos. Martin Tisné, fundador da Current AI, comentou à Reuters que é imprescindível focar no interesse público para evitar que a IA gere problemas semelhantes aos causados pelas redes sociais. Ele ressaltou que é necessário aprender com as experiências passadas. Em uma atualização separada, Macron anunciou que a França fará investimentos do setor privado que totalizarão aproximadamente 109 bilhões de euros (113 bilhões de dólares) durante a cúpula.

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