Durante uma audiência realizada na Divisão de Apelações do Estado de Nova York, nos Estados Unidos, no dia 26 de março, a juíza Sallie Manzanet-Daniels interrompeu um vídeo de um "advogado" criado por inteligência artificial que imitava a fala humana. “Não gosto de ser enganada”, expressou a juíza. Um painel de cinco magistrados estava presente para avaliar diferentes casos com um tempo limitado para cada apresentação.
Quando chegou a vez do primeiro caso, o autor da ação trabalhista, Jerome Dewald, que não é um advogado e estava se representando, informou previamente, de acordo com o New York Times, que havia preparado seu argumento em um vídeo, mas a juíza observou que ele não mencionou o uso de inteligência artificial. As imagens geradas pela IA, que pareciam um homem se expressando, foram exibidas, mas logo foram interrompidas pela magistrada. “Essa é a representação do advogado do caso?”, questionou Daniels. “Seria bom saber disso antes de sua solicitação. Você não me avisou, senhor.”
Dewald, então, esclareceu que ele mesmo havia criado o vídeo e que não era “uma pessoa real”. Em resposta, a juíza destacou que ele já tinha comparecido ao tribunal anteriormente e testemunhado pessoalmente, além de ter discutido seu caso com a equipe da própria juíza, onde apresentou seus argumentos por aproximadamente 30 minutos. “Você está enfrentando alguma condição que te impeça de falar?”, indagou. “Se não, não usará este tribunal para suas questões”, insistiu.
Após essa advertência, Daniels instruiu Dewald a se dirigir ao tribunal diretamente se quisesse utilizar o tempo disponível para suas argumentações e lhe concedeu cinco minutos. Após isso, Dewald se levantou e expôs seu caso, sendo ouvido pelos juízes, que o deixaram falar sem interrupções e o agradeceram ao término, passando então para a próxima situação.
Referência: New York Times
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