Líderes do G7 tentarão alcançar um entendimento com os EUA sobre temas não tarifários.

Os responsáveis pelas finanças dos países do G7 se reunirão nesta semana com o objetivo de demonstrar uma frente unida em assuntos que não envolvam as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Entre os temas debatidos estarão segurança econômica, a situação na Ucrânia e a colaboração em inteligência artificial. No entanto, a principal preocupação será evitar que a robusta aliança política ocidental se desintegre, mesmo que isso implique uma comunicação menos específica e menos ações concretas, conforme apontam representantes do G7 e especialistas em diplomacia econômica.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, se unirá aos ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G7 para um encontro que ocorrerá de terça a quinta-feira em uma estação de esqui no Canadá, em Banff. Este evento trará à tona as discordâncias sobre as tarifas recentemente impostas pelos EUA. Países como Japão, Alemanha, França e Itália estão à beira de uma duplicação das tarifas "recíprocas" dos EUA, que podem chegar a 20% ou mais já em julho. O Reino Unido conseguiu um acordo comercial limitado que resulta em tarifas de 10% na maioria dos produtos, enquanto o Canadá ainda enfrenta a taxa de 25% de Trump sobre várias exportações.

"Ninguém acredita que este será um momento decisivo em que os EUA anunciarão um regime comercial mais favorável para o G7 e outros parceiros", declarou Charles Lichfield, vice-diretor do Centro Geoeconômico do Atlantic Council. Contudo, acredita-se que os ministros dos demais países tentem lembrar Bessent que são os aliados mais próximos dos EUA, enfrentando dificuldades para atender às demandas de Washington por pressão econômica sobre a China, enquanto também sofrem com a coercitividade dos EUA.

Um porta-voz do Departamento do Tesouro informou no domingo que Bessent buscará restaurar o foco do G7 em questões fundamentais, abordando desequilíbrios e práticas não conformes ao mercado, tanto nos países do G7 quanto fora dele. Bessent tem sido um defensor de uma reação contra o modelo econômico estatal e exportador da China, responsável por excesso de capacidade produtiva e superabundância de produtos subsidiados nas economias de mercado. Durante reuniões bilaterais com Bessent, espera-se que alguns ministros apresentem propostas para reduzir as tarifas de Trump.

Bessent lidera diálogos com o Japão, que, segundo autoridades, está em estágios avançados de negociações com os EUA. No domingo, o secretário do Tesouro alertou que países que não se envolverem "de boa fé" poderão enfrentar tarifas recíprocas mais elevadas já impostas por Trump, com uma taxa de 24% para o Japão. Ele é visto como uma influência moderada na agenda comercial de Trump, portanto, os ministros do G7 o incentivam a pleitear políticas comerciais menos extremadas, segundo Mark Sobel, ex-funcionário do Tesouro e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que preside um think tank independente de política financeira.

Em meio a essas divergências sobre tarifas, as autoridades do G7, especialmente do Canadá, parecem determinadas a chegar a um acordo sobre uma declaração conjunta, preparando o terreno para o encontro dos líderes do G7 em junho. Fontes do governo familiarizadas com as negociações financeiras afirmaram que um rascunho do comunicado já está sendo preparado, com o Canadá buscando um consenso que demonstre que os países do G7 estão alinhados em várias questões.

Entre os tópicos discutidos, espera-se uma declaração de apoio à Ucrânia em sua resistência à invasão russa, com a presença do ministro das Finanças da Ucrânia, Serhii Marchenko. Além disso, a União Europeia está trabalhando em um novo pacote de sanções visando aumentar a pressão sobre Moscou. Outra área potencialmente consensual será o apoio ao FMI e ao Banco Mundial, após Bessent ter reiterado o respaldo dos EUA a essas instituições em abril. No entanto, diante da resistência de Trump à agenda anterior de energia verde do país, pode-se esperar que as discussões sobre mudanças climáticas sejam fonte de desacordo.

Um desafio adicional nas negociações reside na maneira como o G7 abordará a incerteza econômica e a redução dos investimentos causadas pelas tarifas de Trump, sem atribuir explicitamente a culpa suas políticas.

Referência: Os líderes de finanças do G7 se esforçarão nesta semana para demonstrar unidade em tópicos que não estejam relacionados às tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

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