A Microsoft tem promovido seu recurso Recall para alguns usuários do Windows, mas essa ferramenta de monitoramento já está sendo rejeitada por um navegador bastante popular. A partir da versão 1.81, o Brave para Windows bloqueará o Recall de realizar capturas de tela automaticamente das atividades de navegação, conforme um artigo publicado no site do Brave. “Considerando o foco do Brave em configurações que priorizam a privacidade e o que está em jogo (todo o seu histórico de navegação), desativamos proativamente o Recall para todas as abas do Brave”, afirmou a empresa. “Achamos essencial que sua atividade de navegação no Brave não acabe indesejadamente em um banco de dados persistente, que é especialmente vulnerável a abusos em casos sensíveis à privacidade, como violência por parceiro íntimo.”
Para executar essa tática, o Brave está utilizando a própria tecnologia da Microsoft contra ela. A Microsoft declarou que janelas de navegação privada não seriam incluídas nas imagens do Recall. Expandindo essa definição, o Brave fará com que o sistema operacional considere cada aba como privada, o que automaticamente impedirá o Recall de monitorar essas atividades. O Brave forneceu mais detalhes sobre essa abordagem astuta em uma página do GitHub.
Embora o Recall seja desativado por padrão, os usuários do Brave poderão ativá-lo caso desejem. Para fazer isso, basta ir às Configurações no navegador, acessar a seção “Privacidade e segurança” e desligar a opção que bloqueia o Microsoft Recall. Atualmente disponível apenas em PCs com Copilot+, o Recall estava em modo de pré-visualização apenas para insiders do Windows desde abril. Na terça-feira, a Microsoft lançou oficialmente o recurso como prévia para todos os usuários de PCs Copilot+ por meio de uma grande atualização do Windows 11.
Anunciado inicialmente em maio de 2024, o Recall com inteligência artificial funciona como uma memória fotográfica para seu computador. Ao capturar uma série de instantâneas de sua atividade no Windows, essa função atua como uma ferramenta de busca avançada que permite encontrar rapidamente atividades realizadas e visualizações anteriores. Isso soa bastante útil.
No entanto, qualquer ferramenta que registre tudo o que você vê e faz no Windows também representa um risco à privacidade. Após tomarem conhecimento do funcionamento do Recall, usuários do Windows expressaram preocupações, enquanto alguns especialistas em segurança o chamaram de “pesadelo de privacidade”. Em resposta às reclamações, a Microsoft tem trabalhado para aperfeiçoar o Recall ao longo do último ano, oferecendo às pessoas mais controle sobre seu funcionamento e configurações. A empresa também tentou assegurar aos usuários do Windows que suas capturas não são compartilhadas com terceiros e não são utilizadas para fins de treinamento. Os dados das capturas são criptografados, de modo que apenas o usuário possa acessá-los, processo que exige autenticação do Windows Hello.
Contudo, é seguro afirmar que os temores com relação à privacidade permanecem. “O Recall é antitético aos objetivos do Brave como um navegador que prioriza a privacidade, e, portanto, devemos desabilitar a capacidade do Recall de capturar o que o usuário faz no Brave”, afirmou um engenheiro de software do Brave em sua página do GitHub. O Brave não é a primeira empresa notável a bloquear o Recall. Em maio, os desenvolvedores do aplicativo de mensagens Signal informaram que impediriam o Recall de capturar capturas de tela das conversas no Windows. Como no caso do Brave, essa opção é ativada por padrão, embora possa ser desativada, mesmo que com certa dificuldade.
Revelando que se inspiraram na ação do Signal, a equipe do Brave tomou um caminho ligeiramente diferente. O Signal utiliza uma bandeira para desabilitar todas as capturas de tela, não apenas as do Recall. Com o bloqueio ativado, não é possível capturar as telas do Signal usando qualquer tipo de programa. A manobra do Brave não cai na mesma armadilha. Isso significa que você ainda pode fazer capturas de tela usando qualquer software de captura, desde que não seja o Recall.
Referência: ZDNET
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