Um renascimento da nuvem privada: A importância do Kubernetes e das tecnologias nativas para a era da IA

Tenho que admitir que, ao viajar para Londres para o KubeCon + CloudNativeCon Europe 2025, pensei que poderia presenciar o início de uma tendência de queda para o evento que se concentra na construção, implementação e gestão de aplicações e infraestruturas em nuvem de próxima geração. Afinal, o evento comemorou seu décimo aniversário no ano passado e, com minha experiência, é nesse momento que as conferências começam a mostrar sinais de desgaste. Além disso, houve uma quantidade significativa de novidades sobre o impacto da inteligência artificial no desenvolvimento de aplicações, e embora o KubeCon não se trate diretamente de desenvolvimento, muito de seu enfoque é voltado para aplicações e serviços.

Entretanto, eu estava completamente enganado. Na verdade, o KubeCon 2025 em Londres estava lotado, com mais de 12.000 participantes. Navegar pelas multidões no imenso centro ExCel de Londres às vezes me fez sentir como Brad Pitt tentando atravessar uma horda de zumbis no filme Guerra Mundial Z. E boa sorte para quem tentava entrar nas palestras principais um pouco atrasado, pois todos os lugares no auditório principal e nas galerias estavam ocupados.

Mas o que explica o entusiasmo em torno das tecnologias de infraestrutura e nuvem? Um dos fatores para esse sucesso pode ser que o Kubernetes e outras tecnologias centrais de nuvem nativa estão se mostrando bastante resistentes à IA, especialmente em comparação com a codificação de aplicações convencional. O aprendizado e as informações obtidas em um evento como o KubeCon são focados em questões de implantação, gestão e integração que exigem especialização e compreensão de tecnologias complexas. Além disso, a rápida evolução no ambiente de nuvem nativa pode dificultar até mesmo para os modelos mais recentes se adaptarem, e qualquer um que utilize IA provavelmente acabará construindo sistemas muito ultrapassados.

Com esses problemas em mente, Kubernetes e as tecnologias nativas de nuvem são essenciais para executar e desenvolver cargas de trabalho de IA, sendo que muitos dos principais sistemas se baseiam em infraestruturas nativas de nuvem. De fato, a OpenAI já estava desenvolvendo seus sistemas em Kubernetes desde 2016. Assim como no evento do ano passado, grande parte da discussão em torno da IA foi extremamente prática, com foco em áreas-chave como automação e análises, que também são os principais casos de uso identificados pela pesquisa da Aberdeen.

Outro aspecto interessante observado no KubeCon Londres foi o retorno do conceito de nuvem privada. Embora a nuvem privada nunca tenha desaparecido totalmente, sua importância sem dúvida havia diminuído, com um importante fornecedor de tecnologia me informando há alguns anos que eles já não mencionavam nuvem privada para os clientes, concentrando-se a maior parte da comunicação na nuvem híbrida. Contudo, durante muitas reuniões e demonstrações no KubeCon Londres, as discussões relativas à nuvem privada estavam em destaque. Dois grandes fenômenos estão impulsionando esse ressurgimento.

O primeiro, como em muitas situações no setor tecnológico, é o aumento da IA. Em nossas pesquisas na Aberdeen, descobrimos que muitas empresas estão se esforçando para construir pequenos modelos de linguagem ou realizar inferências internas para utilizar seus dados em IA. Quando as empresas adotam essa abordagem, rapidamente percebem que devem proteger e garantir a segurança desses dados valiosos, o que requer evitar a IA em nuvem pública e construir infraestruturas de IA usando nuvem privada.

A outra grande tendência que impulsiona o retorno da nuvem privada, conforme mencionado em várias sessões e discussões no KubeCon Europe, é a relevância da soberania digital. Com a incerteza global em todos os âmbitos, muitas empresas estão preocupadas em saber quem poderia exigir acesso às suas informações armazenadas em nuvens ao redor do planeta, e ouvi de muitos fornecedores e empresas que buscam implementar infraestruturas de nuvem privada modernizadas para assegurar a integridade dos dados e manter suas informações protegidas.

Esse movimento revela a crescente importância da nuvem privada e a maturidade das implementações mais recentes dessa solução. Enquanto a nuvem privada começou como um meio principalmente para trazer controles baseados em nuvem para sistemas locais, agora oferece às empresas toda a agilidade e flexibilidade da nuvem, com um controle e segurança muito maiores. À medida que as empresas buscam modernizar suas infraestruturas, proteger seus dados e aproveitar tecnologias como a IA, é provável que o Kubernetes e as tecnologias nativas de nuvem continuem em destaque. Será interessante observar, no evento deste outono em Atlanta, se o KubeCon continuará a crescer e a se manter relevante.

Referência: ZDNET